AQUINO CORRÊA (*)
Como toda e qualquer atividade, o mundo musical tem lá suas curiosidades. Como alguns atores e atrizes se encaixam “como uma luva” em determinados papéis, na música também é assim: algumas canções fazem sucesso com determinados intérpretes; já com outros, são um verdadeiro fracasso.
Vamos lá: em 1958, os compositores Palmeira (da dupla Palmeira e Biá) e Mário Zan, criaram a música “Nova Flor”, que não fez lá, grande sucesso. Tempos depois, o compositor chileno (radicado no Brasil) Pepe Ávila, fez uma versão em espanhol para essa música, com outro nome: “Dicen Que Los Hombres no Deben Llorar”. Virou um clássico da música latino-anericana, sendo gravada por grandes intérpretes, inclusive Júlio Iglesias, nos anos 1980.
Algum tempo depois, já nos anos 1990, foi lançada una versào em português, com o mesmo título, pela dupla Roberto e Erasmo Carlos, também com grande sucesso. Recentemente, foi relançada pela dupla sertaneja Bruno e Marrone.
Outro caso: “Seu Amor Ainda É Tudo”, gravada pela dupla estreante João Mineiro e Marciano, foi a música sertaneja mais executada nas rádios em 1987, no Brasil. Entretanto, essa música havisa sido lançada, no fim dos anos 1960, pelo cantor e compositor Moacyr Franco, passando praticamente despercebida pelo público.
Outro caso: o cantor e compositor brasileiro Morris Albert (Maurício Alberto Kaisermann) lançou, em 1974, a música “Feelings”. Além do Brasil, ela estourou em todo o mundo, sendo gravada e regravada por diversos grandes artistas norte-americanos. Morris Albert ganhou uma fortuna com os direitos autorais dessa música.
Porém, já nos anos 1980, um tribunal estadual da Califórnia (EUA) determinou que tais direitos autorais deveriam ser divididos com o francês Loulou Gasté. A Justiça norte-americana entendeu que “Feelings” não passa de um plágio da música “Pour Toi”, composta por Gasté para a cantora Line Renaud, em 1956.
Um completo absurdo: “Feelings” não tem, à primeira vista, nada a ver com “Pour Toi”. Mas Morris Albert, desde a decisão da Justiça (?) californiana, teve que dividir os direitos autorais de seu maior sucesso com o desconhecido Gasté.
(*) AQUINO CORRÊA é escritor, jornalista, MBA em Administração, e Auditor Fiscal (aposentado) da Sefaz-MT.