Mutuns-de-penacho são reintroduzidos na natureza com sucesso pela CESP

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Um ano após a primeira etapa do projeto de soltura da espécie mutum-de-penacho da CESP (Companhia Energética de São Paulo) na região da UHE Porto Primavera, 77,5% das aves já estão adaptadas à natureza. O resultado, que corresponde a 31 aves reintegradas das 40 soltas, foi comemorado pela companhia, uma vez que são raros os casos de aves criadas em cativeiro alcançarem tamanha adaptação – a maioria acaba não sobrevivendo ao novo ambiente, em decorrência, principalmente, do ataque de predadores naturais. “O Projeto Soltura do Mutum-de-penacho completa um ano com um grande feito. Atualmente, temos mais de 30 aves completamente adaptadas aos seus novos habitats, superando todas as nossas expectativas. Este é um resultado extremamente positivo levando em consideração a riqueza dos ambientes, principalmente em relação a predadores, e decorre graças ao empenho de todos os profissionais envolvidos neste projeto. A conservação da biodiversidade é um dos pilares da CESP. Nós temos um compromisso com um futuro sustentável e temos convicção de que estamos gerando para o meio ambiente e para a sociedade”, ressalta Jarbas Amaro, gerente de Operações e Sustentabilidade da CESP.

O Projeto de Soltura do Mutum-de-Penacho foi iniciado há mais de 20 anos, quando aves dessa espécie foram resgatadas durante a formação do reservatório e levadas para o Centro de Conservação de Aves Silvestres (CCAS), da UHE Paraibuna, no Vale do Paraíba (SP). Em outubro do ano passado, 40 aves começaram a ser preparadas para retornar para a região; etapa que envolveu desde análises clínicas à treinamento para fugir de predadores e buscar alimentos. Desse total de aves, 20 foram destinadas para Área de Soltura e Manejo de Fauna da Foz do Rio Aguapeí, em Castilho (SP), e outras 20, para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cisalpina, em Brasilândia (MS), onde foram construídos, no meio da mata, dois viveiros idênticos aos existentes em Paraibuna para o processo de adaptação. A transferência das aves e soltura ocorreram em duas etapas: uma em novembro e outra em janeiro, após período de quarentena e processo de adaptação das aves ao novo ambiente. “Como o percentual de animais vivos é maior que 75%, acreditamos que a adaptação está ocorrendo de forma muito positiva e natural, portanto em breve poderemos ver bons resultados, inclusive de reprodução destes animais, visto que já é possível avistar casais com pares selvagens. A princípio, não é possível confirmar a existência de filhotes, pois o período reprodutivo se inicia no mês de outubro, mas com a formação dos casais já é um excelente indicativo de que possa haver reprodução até o final do ano”, completa Sérgio Posso, professor da UFMS e coordenador do projeto.

Para exemplificar a importância do resultado, o professor cita um trabalho de reintrodução da espécie Jacutinga (Aburria jacutinga), da mesma família do mutum-de-penacho. No estudo de 2022, a taxa de sobrevivência foi de apenas 39,13%.

Monitoramento

O processo de adaptação das aves tem sido acompanhado por meio de câmeras trap – armadilhas fotográficas – e de sistema de monitoramento por radiotransmissores instalados no dorso das aves. O avanço da adaptação desses animais é explicado pelo professor da UFMS:

“Nos primeiros três meses era comum avistar grupos maiores de indivíduos próximo ao viveiro de soltura, isso porque as aves foram criadas em condições controladas com disponibilidade de água e comida de forma regular, dentro de um viveiro, sem passar por situações extremas dos ambientes externos, como chuvas, falta de comida e presença de predadores. No entanto, o processo de adaptação gradual foi um diferencial para que estes animais começassem a explorar os ambientes e a desenvolver as relações ecológicas específicas”, completa Sérgio Posso.

Entre as ações desenvolvidas no processo de adaptação gradual, está a de disposição de alimentos na mata cada vez mais distante do viveiro para incentivar que as aves se integrassem ao ambiente. “Além de ser uma ave ameaçada de extinção, estamos falando de uma espécie que é essencial para a dispersão de sementes e, consequentemente, contribuir para o sistema natural de reflorestamento e conservação ambiental, o que vem ao encontro dos programas que a CESP mantém para a promoção do reflorestamento e enriquecimento de áreas florestais na região, completa Jarbas Amaro. Até o final de janeiro de 2024 serão apresentados os primeiros resultados de diversidade das espécies identificadas nas câmeras e de territorialidade dos animais. Todas as ações previstas no projeto e cronograma seguem metodologia aprovada pelo IBAMA (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), relacionada tanto a prazos de soltura, como alimentação dos indivíduos e dos monitoramentos.

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