Por que os preços dos combustíveis estão subindo se não há reajustes por parte da Petrobras?

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 Por Roberto James*

As oscilações de preço dos combustíveis têm incomodado os brasileiros. Afinal, por que ainda existem aumentos mesmo se a Petrobras não fez nenhum reajuste recente? Infelizmente, essa dinâmica não é tão simples e não se resume somente ao abastecimento nos postos. No Brasil, esses preços estão atrelados a dois modelos de precificação: um que é adotado pela Petrobras, nossa estatal, que detém de 60% a 70% do mercado; e o que é adotado pelo mercado internacional, que atende à demanda não atendida pela Petrobras.

Como a regulação de preços é proibida pelas nossas leis, as distribuidoras são livres para posicionarem seus preços e margens com valores que cubram suas despesas e garantam o retorno do investimento. Assim, as importações que elas fazem de combustíveis em momentos em que o petróleo e o dólar estão altos acarretam em um aumento do custo e, consequentemente, na diluição desse custo na contabilização dos seus estoques, estejam eles abastecidos com compras importadas ou nacionais.  

Essa dinâmica é necessária porque os postos revendedores não têm como qualificar ou quantificar as diferenças de preços entre os combustíveis importados e os que são produzidos pela Petrobras. Resta então a alternativa de reposicionar seus preços a cada reajuste feito pelos fornecedores.

Na prática, o que está ocorrendo é a manutenção dos preços de paridade internacional regendo a precificação do varejo de venda de combustíveis. Toda vez que a Petrobras represa reajustes baseada numa política própria, sem qualquer transparência ao mercado, ela acaba favorecendo uma pequena camada de empresas que reajustam seus preços de forma arbitrária, sem qualquer controle ou teto.

A cultura de mercado brasileira se especializou em culpar os postos de combustíveis por essas altas, movida pela falta de conhecimento da cadeia de fornecimento de produtos, entendendo que essa dinâmica de precificação acaba prejudicando a competitividade do mercado.

É importante que o consumidor saiba que a margem bruta que compete aos postos de combustíveis dificilmente ultrapassa a casa dos 15%, demonstrando que a alta dos preços não está relacionada à margem do varejista, e sim de outros aspectos, como elevação de impostos, alta do dólar, do petróleo e aumento de margem média dos agentes da cadeia.

*Roberto James é mestre em psicologia, especialista em comportamento de consumo, conselheiro de empresas e atua há mais de 15 anos no mercado de combustíveis e lubrificantes no Brasil. É também palestrante e autor dos livros “O consumidor tem pressa: corra com ele ou corra atrás dele” e “Vivendo o varejo americano: uma viagem no coração do consumo”.

Foto – Divulgação

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