Nem free fire, nem futebol, nem jogos olímpicos ou qualquer outra atividade que atualmente costuma prender as pessoas diante da televisão, do celular ou do computador. Em Água Clara (MS), uma multidão de pessoas tem aproveitado as tardes de sábado e domingo para se divertir à moda antiga, por meio de um passatempo milenar, que é praticado em quase todos os países do mundo. Estamos falando da atividade de empinar pipa, que em algumas regiões do Brasil é conhecida como pandorga, arraia ou papagaio.
Por aqui, a atividade é conhecida como soltar ou empinar pipa e os praticantes ocupam uma enorme área, longe das redes de energia elétrica, onde será o futuro Bairro Jardim das Palmeiras II, ao lado do Residencial Greice Vida, conhecida como “Casinhas”.
Seguramente, mais de cem pessoas – que surgem de todos os cantos da cidade -, aos finais de semana se dirigem para o local, mais ou menos a partir das 14h e lá permanecem até o sol começar a se pôr ou quando o perder força. E são de várias faixas etárias.
O mais velho encontrado pelo Fatos Regionais, no último domingo (4), foi Claudiney Cezar, 47 anos, conhecido na cidade como Claudinho da Funerária. Ele não apenas solta pipa, mas vende o brinquedo pronto e com todos os acessórios, que são a rabiola e as carretilhas de linha. Tem pipa para todos os tamanhos e gostos e o preço varia de 3 a 8 reais. Nesse dia, até pouco mais das 15h, cercaa de dez carros já estavam estacionados no local, de Fiat UNO a caminhonetes.
Junto com a família, Claudinho encosta o carro, abre a tampa traseira, expõe os produtos e clientes (crianças, jovens e adultos) começam a se aproximar.
O mesmo cenário ocorre com Macedo Nunes Batista, 26 anos, casado, que afirma vender de 150 a 200 pipas, rabiola, linha e carretilha aos finais de semana. Durante a semana, ainda vende em sua loja na cidade, com a comodidade do serviço de delivery. O que o motiva a seguir? Relembrar o tempo de infância, se divertir e cortar a pipa dos outros. Falando em Macedo, ele está organizando um campeonato de pipa para o dia 18 deste mês, que será aberto para quem quiser participar.
Outro “marmanjo” que também se diverte soltando pipa é o açougueiro Júlio Cezar, 36 anos, casado. “É só diversão”, ponderou ele, que gosta de soltar pipa desde quando era criança, no interior do Estado de São Paulo. “O legal é que aqui não tem violência”, observou. Para Júlio, o mais empolgante de se soltar pipa é o “relo”, expressão usada quando uma pipa é cortada no ar por outra pipa.
Dicas para soltar pipa em segurança
- Não permitir que crianças e adultos façam uso dos elementos cortantes, como o cerol caseiro ou a linha industrial (chilena);
– Não empinar pipas próximo a redes elétricas e antenas, em especial em dias chuvosos;
- Nunca tentar retirar pipas presas na rede elétrica;
– Não empinar pipa em telhados e lajes por risco de queda pela ausência de guarda-corpo;
– Nunca correr atrás de uma “pipa cortada”. O risco de acidente de trânsito é quase certo;
- Não jogar objetos na rede de energia elétrica, como arames, correntes e cabos de aço. Além de causar interrupções no fornecimento, há grande risco de provocar acidentes.
João Maria Vicente