Caseiro atacado por onça no Pantanal pode não ter sentido dor, diz bióloga: “Morte foi rápida”

Caseiro atacado por onça no Pantanal pode não ter sentido dor, diz bióloga: “Morte foi rápida”

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O trágico ataque que tirou a vida do caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, em uma área de mata na região de Touro Morto, no Pantanal sul-mato-grossense, levantou uma dúvida comum diante de casos tão extremos: a vítima sofreu? Especialistas em comportamento animal analisaram o cenário e explicaram como ocorrem os ataques da onça-pintada.

Jorge foi surpreendido pela onça enquanto coletava mel próximo a um deck, na segunda-feira (21/4). No dia seguinte, a Polícia Militar Ambiental (PMA) localizou o corpo após seguir rastros de sangue e marcas deixadas pelo animal. Os restos mortais estavam sendo arrastados por mais de 50 metros até que o felino fugiu após ouvir disparos.

O caso segue em investigação e é considerado raro. As autoridades apuram hipóteses como escassez de alimento, defesa de território, comportamento reprodutivo ou alguma atitude involuntária do caseiro que possa ter provocado a reação do animal.

Segundo o biólogo Henrique Abrahão Charles, vídeos que circulam nas redes sugerem que houve perseguição antes do ataque. Ele explica que a onça-pintada possui um método de caça distinto, mirando diretamente o crânio da presa — ao contrário de outros felinos, que costumam atacar a garganta ou a nuca.

“Há indícios de esmagamento do crânio, o que aponta para uma morte muito rápida. Embora provavelmente não tenha sido indolor, o impacto pode ter causado inconsciência imediata”, observou o biólogo.

Já a bióloga e mestre em Ciências Biológicas, Cinthia Martins Corbetta, destaca a potência da mordida da onça-pintada, considerada uma das mais fortes do reino animal. Ela explica que o felino costuma matar com um único golpe, atingindo o cérebro ou a medula espinhal.

“Se esse padrão foi seguido, a perda de consciência pode ter sido quase instantânea. Isso indicaria que ele não sofreu, mas sem laudo da necropsia é impossível afirmar com certeza”, afirmou Cinthia.

Apesar do choque causado pela tragédia, especialistas reforçam que esse tipo de ataque é extremamente incomum. As onças, em geral, evitam contato com seres humanos.

Enquanto a investigação segue, moradores da região ainda estão abalados. Em vídeos feitos durante as buscas, é possível ver policiais em mata fechada e um deles apresentando ferimentos, que teriam sido provocados por uma nova investida do mesmo animal.

João Maria Vicente, com Metrópoles

Foto – Reprodução redes sociais

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