Em 1958, Três Lagoas vivenciava um marco no transporte regional. Foi naquele ano que o pecuarista Rui Madeu Falco decidiu apostar em um novo ramo e fundou o Expresso São Jorge, a primeira empresa a operar uma linha de ônibus intermunicipal na cidade.
A linha fazia o trajeto entre Três Lagoas e Inocência, utilizando dois ônibus que carregavam não apenas passageiros, mas também um pouco de tudo no bagageiro externo: galinhas, porcos, querosene para lamparinas e os mais variados tipos de mercadorias.
A história é contada por Antônio Falco, filho de Rui Madeu e atual proprietário da Pousada do Tucunaré. Ele relembra com orgulho os diversos empreendimentos do pai, que também foi dono de uma rede com 12 açougues, além de olarias, marcenarias e outros negócios que marcaram época na cidade.
Segundo Antônio, a aventura no setor de transportes teve vida curta. A falta de infraestrutura da estrada entre os municípios tornou a operação insustentável. A viagem, que poderia ser feita em poucas horas hoje, na época chegava a durar até dois dias. Isso porque o trajeto era por um antigo corredor de gado que se transformava num verdadeiro atoleiro em dias de chuva, com pontes improvisadas que mais pareciam pinguelas.
Na época ainda adolescente, Antônio chegou a viajar na famosa “jardineira”, como era conhecido o ônibus. Ele guarda na memória histórias pitorescas de pontos ao longo do caminho, como os trechos apelidados de dos Cabritos, da Encrenca e do Carro Queimado, além dos conhecidos pontos do Jofre e do Cazuza.
Com o fim do Expresso São Jorge, Três Lagoas passou a ser atendida pela empresa Rápido Noroeste, que mais tarde deu lugar à Viação São Luiz, empresa que segue em operação até hoje, oferecendo serviços de transporte intermunicipal e interestadual.
João Maria Vicente
Foto Arquivo Pessoal